Antes de ingressar na faculdade de jornalismo, trabalhei como tesoureira para um banco de grande porte em uma empresa anexa de uma transportadora de valores. Executei serviços de triagem dos malotes e contei o dinheiro que havia em espécie nos envelopes de depósito, preparando para processamento de operações bancárias convencionais. Uma rotina que ia das 14hs às 23hs ou mais,como em dia de “pico” bancário ou de grande movimentação de dinheiro no mercado. Colegas de trabalho já ficaram trabalhando até às 3hs da manhã.
Vestia um macacão e era vigiada por câmeras e supervisores para se certificarem da segurança do dinheiro. Mas não adiantava: quando havia muito serviço, funcionários de outros setores exerciam a função de contar o dinheiro corretamente, não deixar passar notas falsas, nem diferenças entre o valor informado pelo cliente e o valor existente no envelope.Não usavam uniformes e não eram treinados. Um trabalho que exigia prática e atenção. As diferenças eram grandes e apareciam constantemente.
A quantidade de valores era tão grande,que no setor em que trabalhava não tínhamos hora certa para jantar, nem a duração dessa folga. Sem estabilidade no emprego, o salário era baixo e cada nota na mão era um risco.Tomava cuidado também com a saúde, por trabalhar em um lugar lacrado e mexendo com uma coisa tão suja. Peguei conjuntivite leve e quase uma tendinite.
Fiquei lá durante 4 meses, até cansar.
Um comentário:
De repente me veio à mente uma das cenas criadas por George Orwell e idealizadas pelo meu mundo paralelo, em "1984"...
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