Sem pensar muito, faça uma lista dos primeiros cinco cursos superiores que passarem pela sua cabeça. Pronto? Deixe eu adivinhar: nesta lista continha administração, direito, medicina, publicidade, psicologia ou engenharia? Gostaria que, entre os vestibulandos, fosse feita a seguinte pesquisa: quem já ouviu falar de Produção Cultural, Gestão de Políticas Públicas, Naturologia, Musicoterapia, Secretariado, Design de Games, Aqüicultura? Apenas dando uma breve folheada em qualquer guia de profissões, é possível achar esses e outros nomes ainda mais incomuns. O grau de evolução- e complexidade- que o ser humano atingiu nesse desordenado pós-modernismo acarreta nessa tendência à especialização.
Mas há um medo- ou um preconceito- de se escolher uma carreira que fuja tanto do convencional e que seja relativamente recente. Sei o que passei quando, no terceiro colegial, anunciei à família que uma das minhas opções era terapia ocupacional- e olha que esta nem é das mais atípicas. As escolhas dos que se formaram comigo no colégio não variaram muito, a maioria recorria aos habituais refúgios dos indecisos.
Vamos imaginar a seguinte situação: Desde criança, Joana era um exemplo de organização. Dedicava horas arrumando seu guarda-roupas, separando cada peça por cor, tamanho, modelo, marca, ordem alfabética e todos os critérios possíveis de se imaginar. Sua estante de livros era separada por autor, os que já foram lidos, os melhores enredos etc. A empregada nem precisava tocar em seu quarto. Joana era metódica, responsável, e sabia a localização exata de cada mínimo objeto em seu quarto. Tinha verdadeira paixão pela ordem. Quando chegou a hora de decidir o que prestar no vestibular, Joana não teve dúvidas: Durante o jantar, com os olhinhos brilhando e o coração palpitando de entusiasmo, anunciou para os pais:
-Quero cursar biblioteconomia!
Os pais se embrenharam numa gargalhada efusiva e hostil. E o pai emendou, em tom de deboche:
-Estudar quatro anos para aprender a arrumar livros? Qualquer um faz! Ai, filha, você tem cada idéia...
É necessário coragem para enfrentar ignorância, expressão azeda, nariz torto, piadinhas sarcásticas e perguntas imbecis quando se opta por um curso diferente.
Quantas Joanas por aí foram simplesmente enquadradas em profissões convencionais e nunca puderam ir de encontro com seus verdadeiros potenciais, estão hoje enfurnadas em escritórios maçantes, se rasgando por dentro, absolutamente frustradas?
O preconceito chegou em um nível que sequer nos dão a oportunidade de conhecer as carreiras fora do padrão. É só analisar as jornadas profissionais que as escolas realizam, que, dizem, são para "esclarecer" o aluno indeciso, mas só proporcionam palestras com profissões banais. Nem os testes vocacionais levam em conta carreiras inusuais. Por que tanta falta de informação, se o leque de possibilidades é tão amplo? Se os possíveis talentos são diversos, porque se prender a opções tão restritas?
Não despreze carreiras bizarras. Você já pensou que pode encontrar o sentido da sua vida em alguma delas? Suas aspirações poderiam ter encontrado o encaixe perfeito em um ofício do qual você foi privado de saber que existia. Se você descobriu uma vocação em você, por mais peculiar que seja, não fuja dela. Abra a cabeça e se permita. Só resta estufar o peito, impostar a voz e admitir:
- Puta que o pariu, nasci pra ser quiropraxista!
Mas há um medo- ou um preconceito- de se escolher uma carreira que fuja tanto do convencional e que seja relativamente recente. Sei o que passei quando, no terceiro colegial, anunciei à família que uma das minhas opções era terapia ocupacional- e olha que esta nem é das mais atípicas. As escolhas dos que se formaram comigo no colégio não variaram muito, a maioria recorria aos habituais refúgios dos indecisos.
Vamos imaginar a seguinte situação: Desde criança, Joana era um exemplo de organização. Dedicava horas arrumando seu guarda-roupas, separando cada peça por cor, tamanho, modelo, marca, ordem alfabética e todos os critérios possíveis de se imaginar. Sua estante de livros era separada por autor, os que já foram lidos, os melhores enredos etc. A empregada nem precisava tocar em seu quarto. Joana era metódica, responsável, e sabia a localização exata de cada mínimo objeto em seu quarto. Tinha verdadeira paixão pela ordem. Quando chegou a hora de decidir o que prestar no vestibular, Joana não teve dúvidas: Durante o jantar, com os olhinhos brilhando e o coração palpitando de entusiasmo, anunciou para os pais:
-Quero cursar biblioteconomia!
Os pais se embrenharam numa gargalhada efusiva e hostil. E o pai emendou, em tom de deboche:
-Estudar quatro anos para aprender a arrumar livros? Qualquer um faz! Ai, filha, você tem cada idéia...
É necessário coragem para enfrentar ignorância, expressão azeda, nariz torto, piadinhas sarcásticas e perguntas imbecis quando se opta por um curso diferente.
Quantas Joanas por aí foram simplesmente enquadradas em profissões convencionais e nunca puderam ir de encontro com seus verdadeiros potenciais, estão hoje enfurnadas em escritórios maçantes, se rasgando por dentro, absolutamente frustradas?
O preconceito chegou em um nível que sequer nos dão a oportunidade de conhecer as carreiras fora do padrão. É só analisar as jornadas profissionais que as escolas realizam, que, dizem, são para "esclarecer" o aluno indeciso, mas só proporcionam palestras com profissões banais. Nem os testes vocacionais levam em conta carreiras inusuais. Por que tanta falta de informação, se o leque de possibilidades é tão amplo? Se os possíveis talentos são diversos, porque se prender a opções tão restritas?
Não despreze carreiras bizarras. Você já pensou que pode encontrar o sentido da sua vida em alguma delas? Suas aspirações poderiam ter encontrado o encaixe perfeito em um ofício do qual você foi privado de saber que existia. Se você descobriu uma vocação em você, por mais peculiar que seja, não fuja dela. Abra a cabeça e se permita. Só resta estufar o peito, impostar a voz e admitir:
- Puta que o pariu, nasci pra ser quiropraxista!
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