Segundo o Houaiss, TRABALHO é: sm. fis. grandeza que pode ser definida como o produto da magnitude de uma força e a distância percorrida pelo ponto de aplicação da força na direção desta (τ); esforço incomum; luta, lida, faina; conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim; atividade profissional regular, remunerada ou assalariada; qualquer obra realizada (manual, artística, intelectual etc.).

10 de setembro de 2007

Carreiras diversas para sonhos diversos


Sem pensar muito, faça uma lista dos primeiros cinco cursos superiores que passarem pela sua cabeça. Pronto? Deixe eu adivinhar: nesta lista continha administração, direito, medicina, publicidade, psicologia ou engenharia? Gostaria que, entre os vestibulandos, fosse feita a seguinte pesquisa: quem já ouviu falar de Produção Cultural, Gestão de Políticas Públicas, Naturologia, Musicoterapia, Secretariado, Design de Games, Aqüicultura? Apenas dando uma breve folheada em qualquer guia de profissões, é possível achar esses e outros nomes ainda mais incomuns. O grau de evolução- e complexidade- que o ser humano atingiu nesse desordenado pós-modernismo acarreta nessa tendência à especialização.

Mas há um medo- ou um preconceito- de se escolher uma carreira que fuja tanto do convencional e que seja relativamente recente. Sei o que passei quando, no terceiro colegial, anunciei à família que uma das minhas opções era terapia ocupacional- e olha que esta nem é das mais atípicas. As escolhas dos que se formaram comigo no colégio não variaram muito, a maioria recorria aos habituais refúgios dos indecisos.

Vamos imaginar a seguinte situação: Desde criança, Joana era um exemplo de organização. Dedicava horas arrumando seu guarda-roupas, separando cada peça por cor, tamanho, modelo, marca, ordem alfabética e todos os critérios possíveis de se imaginar. Sua estante de livros era separada por autor, os que já foram lidos, os melhores enredos etc. A empregada nem precisava tocar em seu quarto. Joana era metódica, responsável, e sabia a localização exata de cada mínimo objeto em seu quarto. Tinha verdadeira paixão pela ordem. Quando chegou a hora de decidir o que prestar no vestibular, Joana não teve dúvidas: Durante o jantar, com os olhinhos brilhando e o coração palpitando de entusiasmo, anunciou para os pais:
-Quero cursar biblioteconomia!
Os pais se embrenharam numa gargalhada efusiva e hostil. E o pai emendou, em tom de deboche:
-Estudar quatro anos para aprender a arrumar livros? Qualquer um faz! Ai, filha, você tem cada idéia...

É necessário coragem para enfrentar ignorância, expressão azeda, nariz torto, piadinhas sarcásticas e perguntas imbecis quando se opta por um curso diferente.
Quantas Joanas por aí foram simplesmente enquadradas em profissões convencionais e nunca puderam ir de encontro com seus verdadeiros potenciais, estão hoje enfurnadas em escritórios maçantes, se rasgando por dentro, absolutamente frustradas?

O preconceito chegou em um nível que sequer nos dão a oportunidade de conhecer as carreiras fora do padrão. É só analisar as jornadas profissionais que as escolas realizam, que, dizem, são para "esclarecer" o aluno indeciso, mas só proporcionam palestras com profissões banais. Nem os testes vocacionais levam em conta carreiras inusuais. Por que tanta falta de informação, se o leque de possibilidades é tão amplo? Se os possíveis talentos são diversos, porque se prender a opções tão restritas?

Não despreze carreiras bizarras. Você já pensou que pode encontrar o sentido da sua vida em alguma delas? Suas aspirações poderiam ter encontrado o encaixe perfeito em um ofício do qual você foi privado de saber que existia. Se você descobriu uma vocação em você, por mais peculiar que seja, não fuja dela. Abra a cabeça e se permita. Só resta estufar o peito, impostar a voz e admitir:
- Puta que o pariu, nasci pra ser quiropraxista!

Nenhum comentário: